Ethos
(OBS: Extraído do log de campanha de Haradrynn)
Percebendo nos rostos de seus companheiros que havia algo acerca do ocorrido na noite anterior que eles sabiam e não lhe contavam, Himme perguntou a Gaspar acerca disto. Este lhe respondeu com a Canção da Lua Escarlate.
Alegando não ter conseguido compreendê-la, Himme pede a Gaspar que lhe explique do que ela trata. "Bem, meu caro orelhudo", principia ele.
"Esta é mais uma daquelas histórias sérias e épicas, do que dizem que se passou na primeira era, quando o mundo era novo, os dragões andavam entre os homens, e a paz reinava entre os do primeiro povo - de quem os seus dizem descender.
Essa Era teve muitos heróis, porque teve muitas guerras, mas houve um considerado o maior entre eles, chamado de Ethos. Ele era jovem, mas um bravo líder de homens, um desbravador de segredos ocultos da terra, e o maior espadachim de todos. Como seu coração era puro, e como amava muito a natureza e a liberdade, opondo-se muitas vezes aos atos do Império, foi desde cedo o favorito da Deusa, que o abençoou. Ela mostrou-se ao jovem, majestosa, numa caverna próxima ao topo da Rarododreth, o pico do relâmpago, e lhe disse que desejasse dela o que seu coração pedisse. 'Uma vida rica de aventuras', respondeu ele, e no dia seguinte partiu em jornada pelo mundo por muitos anos, conquistando fama e riqueza, e fazendo um grande amigo, o fora-da-lei e trapaceiro chamado Darlis (mata-dragões).
E assim, após regressar de sua volta ao mundo, Ethos voltou à caverna, e lá viu a Deusa novamente, e ela novamente lhe concedeu o que seu coração desejasse. 'O poder para unir os homens', ele respondeu, e após isso grandes grupos passaram a segui-lo por onde fosse, e todos lhe davam ouvidos e seguiam suas palavras. O Imperador, Liternoarnas, ou Nimrod, embora seguidor de Lothar, reconhecendo sua influência e valor, recebeu Ethos, e cedeu a várias de suas exigências.
Mas os olhos de Ethos fixaram-se na Lâmina Solar, a mais poderosa espada já forjada, que Nimrod levava na cintura, e só ele podia empunhar. Por isso retornou à caverna, econtrou-se com a Deusa, e pediu a ela para que conseguisse usar a Lâmina, ao que ela respondeu: 'isto nem precisavas me pedir.'
Pois agora, amigo do Imperador e conhecido por toda Heshna, Ethos julgava ter tudo que seu coração podia querer. Mas veio o dia fatídico em que chegou do Oeste Yeda, a mais bela das donzelas, de cabelos cor de fogo, que nos dias de hoje sobe aos céus pouco após escurecer na forma de estrelas, para visitar a côrte; no instante em que a viu Ethos perdeu-se de paixão e, correndo de volta à caverna, pediu à Deusa que lhe concedesse seu amor.
'Três vezes me pediste o que desejava teu coração, e três vezes o atendi; mas essa foi toda a benção que poderia dar a ti. A este desejo agora não atenderei.'
'Pois bem', retrucou o tolo Ethos, em sua pretensão. 'Eu mesmo a conquistarei, sozinho.' Mas isto estava fora de seu poder: eis que Yeda amava Darlis, seu amigo, e ele a amava, mais do que tudo no céu e na terra, mais até do que à Deusa. Percebendo isso, e que a donzela jamais seria sua, Ethos amaldiçoou aquela que só tinha querido seu bem; ele arremessou sua espada, herança da família, na morada da Deusa, e a atingiu causando uma ferida tão profunda, que o sangue manchou a Lua de vermelho. Por isso hoje a Lua da Deusa tem esta coloração escarlate; e diz-se que sua ferida até hoje não se curou e por vezes torna a sangrar, nos dias de lua cheia, fardo que todas as mulheres da terra dividem com ela.
Donde se pode dizer que és um pouco mulher, tu e tua ferida em forma de lua, meu caro Himme! Ora vamos, não se ofenda, é só uma brincadeirinha. Enfim.
A Deusa é bondosa, mas sua fúria é terrível, e nunca ela odiou alguém como odiou Ethos naquela hora. Ela jogou-lhe uma maldição, que as donzelas do Castelo de Petrius cantaram quando ele partiu para a guerra, e é esta que eu acabo de lhe cantar, embora provavelmente seja muito mais bela em seu idioma de origem. E diz a lenda que, de tempos em tempos, nasce outra vítima da maldição: fadado a ferir e matar aqueles que mais ama, a lutar e perder, portador da marca da Lua Escarlate.
Não Himme, não acho que você devesse ficar feliz de ouvir isso."
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O 18º Dia do Mês da Fênix, do 998º ano da Terceira Era.Percebendo nos rostos de seus companheiros que havia algo acerca do ocorrido na noite anterior que eles sabiam e não lhe contavam, Himme perguntou a Gaspar acerca disto. Este lhe respondeu com a Canção da Lua Escarlate.
Alegando não ter conseguido compreendê-la, Himme pede a Gaspar que lhe explique do que ela trata. "Bem, meu caro orelhudo", principia ele.
"Esta é mais uma daquelas histórias sérias e épicas, do que dizem que se passou na primeira era, quando o mundo era novo, os dragões andavam entre os homens, e a paz reinava entre os do primeiro povo - de quem os seus dizem descender.
Essa Era teve muitos heróis, porque teve muitas guerras, mas houve um considerado o maior entre eles, chamado de Ethos. Ele era jovem, mas um bravo líder de homens, um desbravador de segredos ocultos da terra, e o maior espadachim de todos. Como seu coração era puro, e como amava muito a natureza e a liberdade, opondo-se muitas vezes aos atos do Império, foi desde cedo o favorito da Deusa, que o abençoou. Ela mostrou-se ao jovem, majestosa, numa caverna próxima ao topo da Rarododreth, o pico do relâmpago, e lhe disse que desejasse dela o que seu coração pedisse. 'Uma vida rica de aventuras', respondeu ele, e no dia seguinte partiu em jornada pelo mundo por muitos anos, conquistando fama e riqueza, e fazendo um grande amigo, o fora-da-lei e trapaceiro chamado Darlis (mata-dragões).
E assim, após regressar de sua volta ao mundo, Ethos voltou à caverna, e lá viu a Deusa novamente, e ela novamente lhe concedeu o que seu coração desejasse. 'O poder para unir os homens', ele respondeu, e após isso grandes grupos passaram a segui-lo por onde fosse, e todos lhe davam ouvidos e seguiam suas palavras. O Imperador, Liternoarnas, ou Nimrod, embora seguidor de Lothar, reconhecendo sua influência e valor, recebeu Ethos, e cedeu a várias de suas exigências.
Mas os olhos de Ethos fixaram-se na Lâmina Solar, a mais poderosa espada já forjada, que Nimrod levava na cintura, e só ele podia empunhar. Por isso retornou à caverna, econtrou-se com a Deusa, e pediu a ela para que conseguisse usar a Lâmina, ao que ela respondeu: 'isto nem precisavas me pedir.'
Pois agora, amigo do Imperador e conhecido por toda Heshna, Ethos julgava ter tudo que seu coração podia querer. Mas veio o dia fatídico em que chegou do Oeste Yeda, a mais bela das donzelas, de cabelos cor de fogo, que nos dias de hoje sobe aos céus pouco após escurecer na forma de estrelas, para visitar a côrte; no instante em que a viu Ethos perdeu-se de paixão e, correndo de volta à caverna, pediu à Deusa que lhe concedesse seu amor.
'Três vezes me pediste o que desejava teu coração, e três vezes o atendi; mas essa foi toda a benção que poderia dar a ti. A este desejo agora não atenderei.'
'Pois bem', retrucou o tolo Ethos, em sua pretensão. 'Eu mesmo a conquistarei, sozinho.' Mas isto estava fora de seu poder: eis que Yeda amava Darlis, seu amigo, e ele a amava, mais do que tudo no céu e na terra, mais até do que à Deusa. Percebendo isso, e que a donzela jamais seria sua, Ethos amaldiçoou aquela que só tinha querido seu bem; ele arremessou sua espada, herança da família, na morada da Deusa, e a atingiu causando uma ferida tão profunda, que o sangue manchou a Lua de vermelho. Por isso hoje a Lua da Deusa tem esta coloração escarlate; e diz-se que sua ferida até hoje não se curou e por vezes torna a sangrar, nos dias de lua cheia, fardo que todas as mulheres da terra dividem com ela.
Donde se pode dizer que és um pouco mulher, tu e tua ferida em forma de lua, meu caro Himme! Ora vamos, não se ofenda, é só uma brincadeirinha. Enfim.
A Deusa é bondosa, mas sua fúria é terrível, e nunca ela odiou alguém como odiou Ethos naquela hora. Ela jogou-lhe uma maldição, que as donzelas do Castelo de Petrius cantaram quando ele partiu para a guerra, e é esta que eu acabo de lhe cantar, embora provavelmente seja muito mais bela em seu idioma de origem. E diz a lenda que, de tempos em tempos, nasce outra vítima da maldição: fadado a ferir e matar aqueles que mais ama, a lutar e perder, portador da marca da Lua Escarlate.
Não Himme, não acho que você devesse ficar feliz de ouvir isso."