8.9.05

Capítulo XI

O desfecho da contenda contra os misteriosos agressores. Doloné infiltra-se em Neo-Ílio, descobre algo perturbador e tem um encontro inesperado. Primus tem uma reunião com 3 misteriosas figuras. Rowen, Karina e Gericault deixam Lafrëug, e conversam.

* * *

As seis figuras encapuzadas saltaram novamente para a escuridão das vielas, tão rápido quanto haviam saído; mas Rowen sabia e calculava, enquanto puxava a lâmina de seu sabre de dentro do peito do sétimo deles, que aquilo não era uma fuga.

- Eu falei pra você não se meter! - gritou Karina, tendo pouco sucesso em recarregar sua arma, sem o braço esquerdo.
- Obrigado, Rowen, eu sou uma moça muito educada e sempre agradeço quando matam o sujeito que estava prestes a me decepar - ele conseguiu brincar em resposta.

Aproximou-se dela de lado, os olhos rodando em volta; no momento em que fixou-os para verificar o ferimento no braço dela, Karina apontou a pistola em sua direção, berrou, com ares de indignada:

- Cala a boca!

E disparou um único tiro certeiro na testa do encapuzado que havia se aproximado por detrás de Rowen sem que ele percebesse, jogando sua cabeça para trás enquanto a inércia carregava o corpo para a frente, acelerando o encontro das costas com o chão duro dos becos de Lafrëug.

- O seu braço. - murmurou Rowen, atônito diante da ausência do ferimento de Karina. - Como -
- Depois, fenício.
- Eles estão dando a volta. - interrompeu Gericault, com uma de suas cartas nas mãos.
- Nos cercando. - concluiu Karina. Rowen, varrendo o entorno com a vista, indagou:
- Você consegue vê-los?
- Não. - respondeu o outro; guardou a carta e permaneceu parado, com os braços largados.
- Bom, pelo menos eles parecem ser burros o bastante para não atacar todos de uma vez.

A uma sombra movendo-se muito acima seguiram-se duas silhuetas à esquerda, causando um breve e incômodo silêncio, que Rowen quase se viu incapaz de quebrar com um comentário irônico.

- Isso, dá idéia pro inimigo.
- Andarilhos das sombras. - Karina pensou alto.
- Da luz é que não iam ser. - um leve ruído atraiu sua atenção - Impressão minha ou os corpos dos caras que matamos acabaram de sumir?
- Agora. - sentenciou Gericault com sua voz fraca.

Um instante após, brotando dos cantos mais escuros do chão, ressurgiram 3 dos mascarados desaparecidos, rodeando Karina. Do disparo que foi sua reação, o primeiro destes escapou com uma acrobacia mirabolante, saltando por cima dela, o corpo um aparente borrão negro pontilhado pela máscara branca enquanto caía do outro lado e, com um enrolar do manto, puxava o rosto dela rumo ao chão - apenas para, em seguida, cair com a garganta perfurada pela adaga cravejada de jóias arremessada por Rowen, e desaparecer.

O jovem fenício já se precipitava para ajudar Karina, quando 2 outras silhuetas caíram sobre si, aparentemente saídos de lugar nenhum. Mais rápido do que sua companheira, ele saltou para trás, evitando os mantos escuros, enquanto desferia um corte vertical que partia em dois o sorriso sinistro na máscara de um de seus oponentes - junto com o que deveria ser seu crânio. O esguicho de sangue escurecido resultante disto forçou-o a proteger a vista apenas tempo suficiente para que o outro agressor, saltando por sobre o corpo do anterior, arremessasse o sabre de Rowen para longe com sua estranha arma de lâmina curva, e preparasse um corte que muito possivelmente lhe custaria uma mão. O sabre arremessado raspou na jaqueta amarronzada de Gericault, que permanecia parado, fitando o vazio com seus olhos prateados como se absolutamente nada estivesse acontecendo - e os atacantes pareciam tratá-lo com igual desprezo.

Karina, enquanto isto, mesmo às cegas pôde acertar a perna de um dos homens, e afastar o outro. Todas as tentativas de retirar o manto de sua cabeça eram, porém, vãs; e conforme o corpo inerte ia gradualmente desaparecendo, o tecido também apertava-lhe o rosto e sufocava. Rowen, que, com uma habilidade até então não demonstrada, pudera não só manter a mão intacta como tirar a arma do oponente, via-se agora numa disputa corpo-a-corpo, e descobria, da pior maneira, que este era muito mais forte do que supusera.

- Olha, Gericault. - ele conseguia dizer, com os dentes cerrados, enquanto tentava manter os dedos do encapuzado longe de sua garganta. - Eu sei que você. Urgh! Não gosta muito de mim. Mas será que não dava. Pra dar. Aaaargh! Uma mãozinha aqui, não!?

Gericault puxou uma carta do casaco, fitou-a por um instante, guardou-a de volta e respondeu:

- Ainda não.
- Ah, seu filho de uma pu - um golpe violento do mascarado o interrompeu, seguido de outros dois, levando-o à inconsciência.

Do outro lado, Karina pudera atirar a esmo apenas até perceber que muito em breve ficaria sem ar, e tentar remover o manto de seu pescoço apenas até sentir a lâmina fria em sua nuca. O mascarado que mancava, ferido por ela, agora voltava-se para Gericault.

- Você nos dará o que buscamos. - ameaçou, e sua voz era como um sopro de vento passando pelas frestas das janelas numa noite de tempestade - Agora.
- Vocês não o matarão? - retrucou Gericault, voltando um olhar de soslaio para Rowen. Agora, os 3 homens de negro restantes o encaravam.
- Nós mataremos a moça, andarilho. E depois mataremos você. Entregue, e o faremos rapidamente e sem dor.

Ele nada fez, a princípio, além de puxar uma carta, e fitá-la, e depois outra, que dispôs sobre a primeira no ar em forma de cruz.

- Seu destino já está selado. - ameaçou mais uma vez o manco.
- Não. - retrucou Gericault, e sua voz não era mais o costumeiro sussurro, seus olhos não mais aparentavam vagar pelos arredores. Ele fitou diretamente o rosto do homem, e com uma seriedade que derrubaria qualquer dúvida, prosseguiu. - Não o meu.

Com um único movimento, sem mudar a direção do olhar, ele girou ligeiramente o corpo para a esquerda, fazendo com que a inércia afastasse seu capote da cintura, de onde puxou um de seus muitos dardos prateados, lançando-o na direção do manto que se enrolava por sobre o rosto de Karina. O brilho desapareceu ao tocar a superfície do tecido como se adentrasse por uma fenda e, no instante seguinte, como se atingidos no peito por uma lâmina invisível, os 3 agressores restantes tombaram no chão, e a moça viu-se livre para respirar.

Ofegante, ela perguntou, enquanto os corpos desapareciam:

- Como?

Ele mostrou-lhe uma das 2 cartas.

- Ah, o 3 de espadas. Entendo.
- Você pretende levá-lo conosco? - apontou para Rowen, caído no chão inconsciente; já voltava à voz fraca e ao olhar perdido de sempre
- Não posso deixá-lo aqui. - levantou-se - Acho que já faço uma idéia de quem é nosso perseguidor.
- Eu também.
- Não podemos mais ficar em Lafrëug. - guardou a pistola. - Porcaria, como eu queria que Doloné estivesse aqui.

* * *

Doloné saltou da abertura por debaixo do veículo em forma de cavalo, pisando macio no chão barrento do lado de dentro de Neo-Ílio.

Nada. Nenhum guarda, passante ou artefato de vigilância - ela fez questão de procurar bem antes de começar a se mover.

"Um lugar tão aparentemente largado assim tem mesmo que estar escondendo alguma coisa", pensou, lembrando-se das palavras de Cadmus, enquanto caminhava atenta na direção de uma das portas da fortaleza, seguindo as diretrizes do mapa que memorizara antes de partir.

Esta surpreendeu-a, abrindo-se para o lado, como, logo descobriu, todas as outras do lugar. Puxou da pequena lanterna, que trazia presa à bota, para iluminar as paredes negras dos corredores vazios, e seguiu cuidadosa pelo que lhe parecia, cada vez mais, ou uma investigação errada, ou uma tremenda armadilha.

Ela seguiu afastando a poeira, pisando e apalpando com cuidado; passou por quartos e salas vazios, contendo o esforço para não sair procurando objetos preciosos, nem perder tempo lendo os livros depositados nas estantes, ou decifrando os símbolos nas paredes e portas. Seguiu direto rumo à escada oeste, por ela descendo em círculos, um, dois, três andares. Um corredor em frente, outro à direita, ainda nenhum sinal de qualquer ser vivente.

"É", pensou, enquanto detinha seus passos e quase deixava a lanterna cair, "não era bem isso que estava no mapa".

O salão não tinha portas, e, embora este fato também não constasse no mapa, não foi o que impressionou Doloné. A bem dizer, até o tamanho impressionante, e a maneira como crescia em altura, com a inclinação do piso, abrindo-se por algumas dezenas de metros até terminar em rocha mal-esculpida, o que também não coincidia com o mapa, não a incomodou tanto. Mas aquela esfera azulada do tamanho de um boi, flutuando pouco acima de um maquinário gigantesco cheio de tubos e turbinas soltando vapor, com cabos presos à parede, penetrando pelo solo e se espalhando por toda a parte - aquilo sim era perturbador.

- Bonito, não? - uma voz grave, abafada por ares metálicos, veio da direção da máquina, fazendo com que Doloné quase desse um salto para trás. Como a luz azulada mantinha o salão às claras, largou rapidamente da lanterna e sacou a espada e a faca, lançando olhares rápidos ao redor. - Ora, por favor, minha dama, você é uma convidada aqui. - prosseguiu a voz - Se quisesse lhe fazer mal, já teria feito.
- Sei. - ela abaixou ligeiramente ambas as lâminas. - Onde você está?
- Doloné, não acredita em mim?
- Não, mas entro num acordo. Você finge que fala a verdade, eu finjo que acredito, e fica por isso mesmo.

Uma gargalhada alta foi a resposta enquanto a voz se deslocava, primeiro para a esquerda, depois aproximando-se. Antes que a mesma terminasse, uma figura humanóide enorme emergiu de uma portinhola por entre o emaranhado de tubos, envolta por uma placa metálica, o rosto coberto por elmo e máscara.

- Você não mudou nada. - disse.
- Na verdade, engordei um pouco. - ela aproximou-se. - E você, era pra eu ter reconhecido?
- Não sei. - ele respondeu, retirou o elmo, e só então completou. - Era?

Doloné deixou cair as armas.

- Você só pode estar brincando com a minha cara!

* * *

Conforme os grandes portões de pedra iam se fechando, a sala ia sendo deixada em escuridão quase completa, exceto pela parca iluminação próxima ao local onde Primus ajoelhava-se - ainda assim, ele podia enxergar perfeitamente o rosto dos três homens, que julgavam ter as identidades protegidas pela escuridão. Ele deu uma ligeira ajeitada na robe, enquanto deixava escapar pela boca:

- Idiotas.
- Levanta-te, Primus de Lafrëug. - ordenou o homem do centro, mais alto deles, comando prontamente obedecido, até porque os joelhos do outro já começavam a doer.
- Relata-nos o ocorrido. - disse o homem à esquerda.

Primus pigarreou um pouco, sacudiu a poeira das pernas. Pensou em como poderiam limpar um pouco melhor aquele chão.

- Eles deixaram a cidade, como esperado.
- E o fenício? - indagou o mais alto.
- Está com eles.
- Ah.
- Mas houve resistência.
- Sim? - agora o da esquerda é que perguntava. Sua voz oscilava de maneira irritante.
- Andarilhos das Sombras, pelo que meus agentes puderam ver. Imagino que isso signifique que -
- Não significa nada, Primus. - interrompeu o homem ao centro.
- Perdão, senhores. Mas não posso deixar de pensar que, desde que os muros de Ílio caíram, as atividades deles têm aumentado muito.
- Os muros de Ílio caíram há mais de dois mil anos. - finalmente pronunciou-se o da direita.

Ah, perfeito, enigmas. Deus, como ele odiava aquela palhaçada. O homem ao centro retomou a palavra, após breve silêncio:

- Não perca aquele homem de vista. Em breve, será o momento de seu despertar.
- E quando este momento chegar - completou o da esquerda - será a hora da nossa ascensão.
- Não o perderei.
- E prepare a Arca, Primus de Lafreüg. - continuou. - Há forças conspirando contra nós, de quem em breve teremos de nos defender.

Por que ele não simplesmente dizia que os Trácios atacariam em breve? Velhos idiotas, idiotas, idiotas. Com quem pensavam que estavam falando? Ele sabia, sabia perfeitamente bem o que estava acontecendo. E quando chegasse a hora, seria ele quem ficaria com a Chave.

- Agora vá. - sentenciou o homem do meio. - E não nos falhe.

Primus levantou-se e fitou os rostos dos anciões, enquanto os portões se abriam novamente.

- Pode ter certeza de que não falharei. - respondeu, e saiu.

* * *

- Seu idiota. - murmurou Karina, enquanto roçava os dedos da mão pela barba mal-feita de Rowen. Olhou para ele durante alguns segundos, e virou-se para pegar mais um curativo para seus ferimentos no rosto.

Haviam tomado um pequeno desvio da estrada, usando o cavalo para transportar Rowen, pouco depois de tomarem distância o bastante da primeira, para descansar e evitar eventuais perseguidores. Já anoitecera, mas Karina continuava tratando das feridas dele, e Gericault permanecia sentado, fitando cerca de uma dúzia de cartas tiradas aleatoriamente de seu baralho e dispostas em círculo a sua frente.

Rowen abriu os olhos, a princípio levemente, depois com firmeza, e observou Karina ajoelhada, de costas, por alguns momentos, voltando a fingir-se adormecido antes que ela virasse de volta - na verdade, já havia despertado há algum tempo, mas preferia deixá-la acreditar no contrário.

Retornando, a moça passou-lhe um pano úmido pela testa, enquanto o fitava com tristeza, e um carinho que lhe era pouco comum.

- Se soubesse que receberia esse tratamento - Rowen subitamente abriu o olho esquerdo, e segurou-lhe a mão, gentilmente - teria me machucado muito antes.

Ela demorou a reagir, primeiro levemente assustada, depois, segurando um sorriso que quase não pode impedir de se formar em seu rosto; mas por fim, puxou a mão de volta e retrucou:

- Será que o único momento em que você se cala é quando dorme?
- Não está feliz por eu estar bem?
- Você nos atrasou. E quase morreu.

Ele sentou-se.

- Bem, estou melhor agora. Graças a você. - olhou direto em seus olhos, e passou-lhe as costas da mão pelo rosto - Obrigado.
- De nada. - ela retrucou, bruscamente empurrando a mão dele para longe e se levantando. - Agora vá preparar alguma coisa para comermos.
- Quanta gentileza. - ele sorriu, e levantou-se também. - Bom, onde diabos estamos?

Gericault, sem mexer-se um centímetro nem desviar o olhar, foi quem respondeu:

- Numa clareira próxima à estrada para a Trácia, logo depois de passar a ponte do rio Levy.
- Trácia?! - retrucou o outro, enquanto mexia nas coisas em sua mochila. - Trácia?! Você só pode estar brincando!
- Eu estou jogando. Alguns diriam que é a mesma coisa.

Rowen, após alguns instantes de perplexidade teatralizada, virou-se para Karina, que cutucava a fogueira, e indagou:

- Do que diabos ele está falando?
- Da vida. De si mesmo. - respondeu ela, e ante o dar de ombros do fenício, suspirou e acrescentou. - Você não entenderia.
- É, aposto que não.

Ele andou até onde Gericault estava sentado e observou as cartas de cima.

- Que é isso que você está jogando, então? Paciência?
- Parece paciência para você? - respondeu o outro.
- Nem um pouco. - passou os olhos pelas cartas - Então, o que está jogando?
- Uma roda.
- Ah. Esclarecedor. - mirou a carta mais a esquerda. - E aquela carta ali? Nunca vi! Qual é?
- O nome dela está escrito.
- Nunca vi isso. Nome escrito? Como se usa uma carta dessas?
- Cartas são cartas. - Gericault ajeitou o lenço; era a primeira vez que se mexia em muito tempo - Ela nem sempre está aí.
- Aí nessa posição?
- Não. No baralho.

Ele era definitivamente louco além de qualquer cura conhecida pelo homem, principava a pensar Rowen, até Karina cortar-lhe o raciocínio com palavras bruscas:

- Pensei que tinha dito pra você preparar nossa comida.
- E eu pensei que tinha dito que não seguia suas ordens.

Encararam-se. Karina jogou ao chão o graveto que carregava.

- Ora, seu grande filho duma -
- Olha a língua, olha a língua!
- É assim que você nos agradece por salvar sua vida?!
- Nós não salvamos a vida dele, Karina. - cortou Gericault, novamente sem tirar os olhos do baralho.
- Como é? - indagou Rowen, novamente perplexo.
- É o que você ouviu. Sua vida não estava em risco. Os andarilhos não queriam matá-lo. - retrucou o outro.
- Hein? - franziu o cenho e virou-se para Karina. - Por quê?
- Boa pergunta.
- Boa pergunta porque vocês não sabem ou porque não vão me explicar?

Silêncio incômodo.

- Ótimo, gente. Ótimo mesmo. Eu estou aqui tentando ajudar, sabe? - foi pegar alguma comida para preparar. - Então mudando a pergunta. Que vocês querem fazer na Trácia? Além de morrer, é claro.
- Há um. - as palavras travaram um pouco na garganta de Karina. - Há um, um artefato. Bom, achamos que haja. E certos agentes. É, bem. É complicado.
- Arrã. Imaginei. - enfiou algumas fatias de carne no espeto, uma a uma. - É que eu me sinto um idiota, sabe?
- Rowen, não -
- Tudo bem, estou acostumado. Fico me sentindo idiota o tempo todo, mas normalmente isso não me irrita. O problema - terminou o espeto, abaixou-se e o aproximou do fogo - Desde que te encontrei lá na feira, fico o tempo todo com a sensação de que estou me metendo num monte de eventos que eu não imagino o que esteja acontecendo, e que, a qualquer momento, vou ser jogado pra fora deles antes de conseguir entender.

Gericault, a voz totalmente alterada, com a certeza de uma adaga afiada, os olhos prateados mirando os de seu interlocutor como se pudessem perfurá-los, respondeu:

- É assim para todos nós.

Rowen quase derrubou a carne na fogueira, abanando os braços com irritação.

- Ah, meu Deus! Do que você está falando, porque você nunca consegue dizer nada feito gente normal?
- Da vida. De mim mesmo. - respondeu-lhe o outro, a voz lentamente voltando ao normal, os olhos retornando às cartas dispostas em círculo, que principiava a recolher. - Nada que você entenderia.