18.10.05

Dramaturgos

Eu reli meu maior calhamaço outro dia. E, depois, reli isto. Eu não me lembrava, não mesmo. Não tinha percebido as pistas que tinha deixado para mim mesmo nelas; nem muito menos o quão verdadeiro é este trecho - ou então percebi, e esqueci, que é o que fazemos com as coisas que nos incomodam.

"O que quer que tenha acontecido comigo e minha vida, aconteceu na qualidade de dramaturgo. Eu me apaixonaria ou me deixaria tomar pela luxúria. E, no auge de minha paixão, pensaria, "então esta é a sensação", e comentaria tudo com palavras bonitas.

Eu testemunhei minha vida como se estivesse acontecendo com outra pessoa. Meu filho morreu. E eu sofri muito, mas assisti à minha dor e até mesmo apreciei um pouco, pois agora poderia escrever mortes reais. Uma perda verdadeira.

A dama negra partiu meu coração e chorei, em meu quarto sozinho, mas enquanto me lamentava, em algum lugar dentro de mim, eu estava rindo. Pois eu sabia que poderia tomar meu coração partido e colocá-lo no palco do The Globe, e fazer a platéia derramar suas próprias lágrimas."

- Neil Gaiman, "Sandman - A Tempestade"

Sujeitinhos citáveis, estes ingleses...