14.3.05

Apoga^Lênizô, Héktor...

Já ouvi muito que a quantidade de tempo que se aproveita é inversamente proporcional à quantidade de tempo de que se dispõe. Longe de mim querer discutir a veracidade absoluta deste paradoxal axioma - ou suas terríveis implicações sobre a crescente expectativa de vida da raça humana - apenas observo que por diversas vezes ele simplesmente funciona. Tenho estado terrivelmente ocupado na última semana; mas é em momentos como este que a necessidade da escrita torna-se irresistível.

Um aluno, um bom aluno, chegou-se pra mim outro dia lamentando o mal resultado de uma prova, que se deveu a seu estado altamente tenso. Então perguntou-me como eu conseguia ficar calmo, como eu tinha conseguido toda aquela serenidade ao apresentar minha tese de doutorado (ele estivera assistindo na ocasião), e eu respondi sofrendo de um desses ímpetos de sinceridade: não consegui. Ele não entendendo, expliquei, não estava calmo, não estava sereno, estava explodindo por dentro, fazendo o melhor que podia para canalizar a tensão na forma de entusiasmo, ou uma oratória mais aguçada, ou o que quer que fosse.

Escolhemos muita coisa na vida, mas ninguém escolhe ficar calmo. Não é uma escolha, e sim consequência do que se escolheu valorizar; como o medo é sempre aquele de se perder algo querido (eis aí a sabedoria popular, quem tem cú tem medo - quem ousa dizer que não valoriza o seu?). Em um momento importante, fica-se tenso, se algo te emociona, você vai ficar emocionado, se algo te enraivece, você vai ter raiva; as escolhas que o levarão a estas situações, e o que você faz com as emoções depois, são por sua conta. Mas o controle absoluto de si mesmo? estou pra ver ainda.

Foi coisa assim que eu lhe disse. E percebi então que tinha mudado de opinião acerca de algo - o que torna-se, aliás, incomodamente mais frequente desde o XI cântico.

Mas pelo menos agora já consegui me recuperar o bastante para acertar a pontuação.